quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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13 maldades alheias
reticência, s. f. Omissão voluntária de coisa que se devia ou podia dizer; -s: pontos sucessivos que na escrita indicam omissão. re.ti.cên.cia
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O natal já está quase aí. Você já sabe, é claro, pois ele vem anunciando sua presença há pelo menos 2 meses. E colado nele vem o que mais me assusta - o ano novo. Porque de um modo geral se leva o "novo" muito a sério. Como se uma nova vida estivesse começando, com novas oportunidades, tudo zerado. Mas não. No fundo nada muda. É só um calendário novo sobre a mesa. É esperar o próximo carnaval, a próxima páscoa e todo o resto. Repetir todas as estações. Mas você não está sozinho. Você tem um ontem. Você tem o ano passado. Tem uma bagagem de incertezas, de mágoas, de perdas e ganhos, de dias bons e ruins. E infelizmente não dá pra esvaziá-la na virada. O que me consola é a certeza de que pra ter um ano pior vou ter que me esforçar muito.
mas até nós, os pessimistas assumidos, até você que cansou de ler posts de final de ano, até você que acha o natal a droga de um feriado consumista mas não vai recusar uma fatia de Chester, até você que vai passar a virada deitado na cama ouvindo música, até você que fez mil promessas impossíveis pra 2010 e não realizou nada, até você que refez suas promessas impossíveis pra 2011. Até você não vai conseguir evitar a espera. E quando o primeiro dos fogos estourar no céu vai esperar que o novo ano seja melhor que o anterior, vai esperar alcançar tudo o que ainda não conseguiu, vai buscar toda a felicidade que parece recuar quando você tenta apanhá-la.
Mas o que eu quero esse ano é um ano sem reticências. Nada de ficar omitindo fatos, nada de hesitar. Eu quero um ano onde tudo seja dito, que nada fique subentendido. Quero um ano em que tudo fique as claras pra eu saber por onde estou indo. Sabe, nem eu nem ninguém pode ler pensamentos. Caramba, nem o diabo consegue isso. Certas coisas devem ser ditas por mais difíceis que sejam. A gente já tem tantas dúvidas na cabeça, por que não responder as que podem ser respondidas?
E embora meu desejo não tenha a mínima influência nos acontecimentos, espero que TODOS vocês, que gastam tempo lendo meus textos, tenham um natal e ano novo magníficos, extraordinários e sem reticências. Meu único pedido é que não deixem que o ano termine com assuntos inacabados ou conversas pela metade. Se você não é desses que fala sobre sentimentos abertamente, aproveite essa época do ano, assim não vai parecer tão patético dizendo a alguém o quanto ele ou ela é importante pra você. Ou dizer aquela pessoa o quanto você foi magoado esse ano.
E, finalmente, se façam minhas as palavras de Werther quando ele diz, "que 'deus' os abençoe, meus queridos amigos, e conceda a vocês todos os dias felizes que não tem dado a mim!"


"Todo o futuro está na falta de você, tudo é repetição e imundice. pelo menos espero que esteja bem, que a sua festa dure. Seria um crime se não fosse assim."


p.s: Voltamos em algum dia depois do dia 7 de janeiro.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fique comigo

13 maldades alheias
Não vá embora, por favor. Ainda é tão cedo. E eu gosto tanto de estar com você e das nossas conversas. Gosto quando falamos do último filme que você viu, do livro que estou lendo, de política, de arte, de nossos sonhos e de como nossa realidade está tão longe deles e de como conseguimos rir disso tudo. E eu sei que não vimos os mesmos filmes, nem lemos os mesmos livros, você nem nunca ouviu falar do meu poeta preferido, não temos as mesmas visões políticas, nem admiramos as mesmas pinturas no museu. Mas talvez isso seja uma coisa boa. Se concordássemos em tudo não teríamos sobre o que discutir e ficaria aquele silêncio tedioso.
Olha, não leve a mal o que vou dizer agora. Não é que eu goste de estar com você só porque me ajuda a esquecer. Não é só porque, quando estamos juntos, eu consigo não pensar no que me machuca. Você me faz bem de tantas formas.
Quando você me abraça e eu sinto que vou sumir nos seus braços é como se nada mais pudesse me ferir. E eu fecho os olhos, sem medo, me sentindo protegida. Não sei como você faz isso mas nos seus braços e de olhos fechados não vejo mais os rostos que me assombram, nem as palavras que me abalam, nem escuto as vozes que me destroçam.
Quando você me olha com esses teus olhos tão negros não consigo evitar de corar. E o calor do meu rosto seca a última lágrima que eu deixei escapar.
Só você me faz acreditar no impossível. Me mostra a cada dia que sorrir é mais fácil do que parece. Você toca minha mão e eu me desfaço só pra te ver juntar. Você sorri e me falta o ar.
Quando você me beija meu coração volta a bater, e apressado. Como que para recuperar o tempo perdido. Depois de tanto tempo eu consigo senti-lo vivo, ainda que um pouco frágil.
É por isso que você não pode ir ainda. Não enquanto minhas feridas não pararem de arder, de sangrar e finalmente, não enquanto elas não cicatrizarem. Fique comigo até o sol nascer. E quando ele nascer, fique até que ele se ponha. Porque eu sei que no momento em que você for vai voltar a doer, vai voltar a sangrar, vou esquecer como sorrir e não vou mais poder conter as lágrimas. Você é a minha cura. Eu preciso de você como o dia precisa do sol pra ser o que é. Eu não posso fazer um retrato falado da sua alma mas quero ter a vida toda pra aprender. Eu só preciso que você fique.



"Temos, porém, de nos conformar, como um viajante que deve transpor uma montanha. Sem dúvida, se a montanha não estivesse ali, o caminho seria muito mais cômodo e mais curto; mas, já que está, é preciso vencê-la!..."


Na próxima semana, o ÚLTIMO POST DO ANO. E, é claro, a última citação.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reminiscências

28 maldades alheias
Numa das minhas frequêntes noites de insônia cheguei a conclusão de que o que dói e o que mata um pouco a cada manhã não é a ausência mas sim as reminiscências. São aquelas sobras, as migalhas sobre a mesa, aquela sombra, aquela marca na poeira que prova que algo existiu, algo esteve ali e ocupou espaço mas agora foi embora. É claro, porque é impossível sentir falta de algo que jamais se teve. O pior de tudo é ter de conviver com lembranças que nunca serão nada além disso. Pensar que certos momentos simplesmente não podem ser reprisados é que da uma vontade de nunca mais pensar em nada. Chega-se a um ponto do desespero que você deseja que aquelas ocasiões jamais tivessem acontecido.
Tento entender isso como aquelas queimaduras de sol depois de uma tarde na praia. Sua pele ainda traz a marca, você se lembra da sensação do calor mas o sol há muito já se foi. Você pensaria no sol se seus ombros não ardessem?
A verdade é que todos esperamos por qualquer coisa que refresque a pele, que apague. Só que algumas marcas são mais difícieis que as outras. Por razões que estou longe de entender algumas lembranças estão mais incrustadas na gente. E eu sei que "incrustadas" é uma palavra horrível mas achei que ficaria bem aqui.
Não sei se só eu vejo a ironia nisso que estou prestes a dizer. Sabe quando você não lembra o nome daquela pessoa que estudou na sua sala por três anos inteiros mas lembra até a posição das estrelas na noite daquele beijo com gosto de chicletes de melancia? Sabe quando você tem um lápso e não consegue lembrar o nome do meio do Pelé mas aquela receita que vocês fizeram juntos você sabe de cor?
E às 2:53 da manhã de hoje, ouvindo Canção Para Um Grande Amor da Isabella Taviani tocando no rádio, eu me perguntava o por quê. Porque algumas coisas eu não consigo esquecer e deixar pra lá? Por que até as sutilezas são lembranças tão vívidas? Por que eu ainda me importo? Por que eu não consigo pensar no passado como passado e suportar o presente tolerável? POR QUE, DIABOS, EU NÃO USEI A DROGA DO BLOQUIADOR SOLAR?



"Você me lembra um poema que não consigo
lembrar uma canção que nunca existiu
e um lugar onde nunca teria ido."

domingo, 28 de novembro de 2010

Submundo

18 maldades alheias
Tantos eventos ocorrem de modo não-manifesto. Existe um outro mundo onde as coisas acontecem só pra uma pessoa. Porque acontecem dentro delas mesmas. Onde nada é dito, nada é demonstrado e tudo é sentido. Diálogo, só se for contigo mesmo.
É o mundo onde tudo é interpretado pela própria percepção, pelo próprio pessimismo e por todas as experiências anteriores. Nada é perguntado, portanto nada é respondido. As perguntas são feitas internamente e assim são respondidas, pela imaginação. Você imagina a resposta e age como se tivessem sido reais. E sofre porque precipitada e erroneamente achou que sabia alguma coisa da vida. Quando na verdade você não sabe nada. Acha que passou por muita coisa? Acha que tem opinião formada sobre tudo? Acha que sabe alguma coisa que mais ninguém sabe?
Deixar que as primeiras impressões definam sua forma de ver as coisas é pedir pra ver tudo errado. Porque logo de cara vai ver as coisas como queriam que elas fosse e não como realmente são. Quer ver as coisas como são? Não vai. Porque só pode ver as coisas através dos próprios olhos. Se soubesse disso não teria cometido tantos equívocos com essa mania de achar que o mundo é exatamente do jeito que você vê.
Enlouquece passar tanto tempo vivendo dentro da própria mente, lidando com as figuras inexistentes. O mundo é muito mais amplo e muito mais inesperado do que supoe a limitada existência humana.
Não responda suas próprias perguntas. Tente não fazer tantas perguntas. Não tente interpretar o outro baseado no próprio comportamento. Tente não sofrer por antecipação. Tente não sofrer. As coisas nem sempre são como parecem. As pessoas nem sempre são o que parecem. Às vezes uma existência rasa traz menos desespero do que conhecer a própria existencia profundamente. O mundo real vai sempre decepcionar você se continuar comparando com seu mundo particular. E quando os outros não agirem como você espera não vai saber o que fazer. Então não espere nada.



"Há momentos em que você sabe que está acordado mas não consegue se livrar da sensação de que deve estar sonhando, porque o mundo subitamente mostra a você alguma coisa que não faz sentido algum."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Particular

0 maldades alheias
dezoitodenovembro

Quero que fique claro que embora NÃO acredite em reencarnação (e na verdade não acredito em muita coisa) tenho que admitir que muitas vezes essa é a única explicação possível, principalmente no que se refere aos poucos meses que te conheço e que mais parecem décadas. Me parece até que muita coisa, de alguma forma, eu já sabia antes mesmo de te conhecer.
Antes de continuar devo dizer que de TODOS os modos possíveis pra você aparecer na minha vida foi acontecer justo o mais estranho, o mais bizarro e o mais improvável de todos. E de tão estranho, bizarro e improvável me parece impossível que se trate só do "acaso". Parece mesmo ter sido cuidadosamente planejado por algo ou alguém além de todos nós. E alguém com senso de humor.
E quando paro pra pensar no que havia aqui antes da sua chegada me vem a certeza de que só posso definir isso como ESPERA. Porque só a espera pode ser substituída pela certeza de se ter achado. Essa é a terceira explicação possível. Não confunda o que estou dizendo com sentimentalismo. Não é disso que se trata. Só estou expondo fatos que talvez não devessem ser expostos assim dessa maneira. Pensada. Falada.
A quarta explicação está nas muitas vezes em que me veio a sensação repentina de que em outro tempo, em outra vida, em outro mundo devemos ter sido outras pessoas. Ou pessoas diferentes. O que explicaria essa coisa na boca do estômago que não consigo definir e o frequente desespero que não pode ser mensurado. E de novo estou falando de desespero. Às vezes fica dificil me afastar desse assunto pois me sinto completamente a vontade com ele. É claro que hoje não é o dia certo pra falar nisso, mas sempre me perco quando me sinto na obrigação de dizer alguma coisa pra alguém. Como em aniversários.
É que o habitual "feliz aniversário" me irrita um pouco. Porque a verdade é que não faço questão que você tenha um feliz aniversário, mas que todos os seus dias sejam assim. E se pensar bem, se todo os 364 dias do ano fossem felizes e apenas o seu aniversário fosse desagradável, todo o resto seria bem mais suportável.
Outra coisa que me irrita é essa frase ser assim tão óbvia. Ainda não ficou claro que eu espero que seus dias sejam magníficos? Não é evidente que em minhas "orações" sempre peço pelo seu bem-estar? É lógico que torço ardentemente pelo seu sucesso. Só que não deveria haver um dia certo pra dizer isso. Deveria ser uma certeza diária. De que apesar de TUDO eu quero, sempre quis e sempre vou querer o seu bem. Espero que um dia você entenda ao menos um pouco o quanto significa pra mim e o quanto me importo com você. Não importa que mais ninguém acredite, não importa o que os outros pensem, só você importa. Tem pelo menos um milhão de coisas que só a gente entende.
Eu sei que muitos dos meus atos até agora dizem exatamente o contrário. Sou a primeira admitir que fiz muitas curvas erradas até chegar aqui. É claro que me arrependo de muita coisa mas talvez não tanto quanto deveria porque de outro modo eu talvez não teria conhecido você. E quem sabe exista uma explicação de porque teve de ser desse jeito. Mas enquanto a explicação não chega eu espero que você me perdoe. E se um dia, nem que seja só um dia, eu for responsável por um sorriso no seu rosto tudo vai ter valido a pena.
Enfim, não vou mais tomar seus minutos. Imagino que tenha muitos "parabéns", "felicidades" e "tudo de bom" pra responder. E por falta de jeito melhor pra terminar, vai assim mesmo. Feliz aniversário.




"Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar, dê um toque. Te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. Acredite.''

sábado, 6 de novembro de 2010

Possibilidades

3 maldades alheias
Talvez eu devesse, desde o começo dos começos, não ter sonhado tão alto. Talvez só um pouco mais baixo, deixando apenas a ponta dos pés tocando o chão, já seria o suficiente. Mas não. Eu tive que escolher viver sempre flutuando. Quando eu era criança a esperança era infinita e os sonhos ultrapassavam os céus. Mas quando se cresce a esperança fica escassa e os sonhos não foram avisados disso. Começam a morrer de fome e de sede, lambendo as fagulhas de esperança dos cantos pra sobreviver. Por que o que mais alimenta os sonhos se não a esperança de que eles podem vir a acontecer?
Tudo era tão verde. Mesmo meu mundinho particular parecia tão vasto e cheio de canções conhecidas e chocolate caindo na camiseta e tombos de bicicleta. Embora só uma parte de um todo me fosse apresentada, era o que bastava. A felicidade estava sempre a um passo de distância, ao alcance das mãos. Eu ainda lembro o som da risada. E me pergunto como pude ser tão irresponsável a ponto de perdê-lo. Onde foi que o deixei? Talvez espremido entre o som de um insulto e um soluço. Talvez eu tenha desaprendido a ouvir.
Então um dia uma estranha no espelho me disse que estava na hora de crescer. E me ensinou a ser realista. E me ensinou uma palavra nova: Possibilidades. Despedaçou e queimou meu mundo perfeito erguendo um verdadeiro inferno sobre as cinzas. E a esperança virou uma lembrança, uma sensação fria no lugar, como imagino que seja pra quem perde um braço ou uma perna. E me convenceu de que o melhor a fazer era esconder meus sonhos dentro de uma caixa com tranca, como se fossem um segredo obscuro.
Mas confesso que enquanto a estranha não está olhando eu abro a caixa. Eu olho pra eles, seguro firme entre as mãos e me permito acreditar, só por um segundo. Eu os alimento. Afinal eles são meus. Eu deveria poder fazer com eles o que quisesse. Acontece que nem todos os sonhos podem tornar-se realidade, não importa quão forte seja a vontade de realizá-los. Mas como eu poderia saber disso anos atrás, quando os construí? Se quando os moldei em minha mente tudo era possível? Agora a vida matou meu sonho.




"Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores. Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas."

sábado, 30 de outubro de 2010

Retrato Falado

12 maldades alheias
Somos completos desconhecidos que se conhecem tão bem. Pelo menos eu sei que eu conheço você. Conheço seus medos, seus planos, os traços do seu humor. Sei o que te entristece e o que te faz sorrir. Às vezes até sei exatamente o que você diria, em determinada situação. E escuto você dizendo, mas só na minha cabeça.
Eu seria capaz de desenhar um retrato falado da sua alma, mas com palavras.
E são todos os detalhes do seu caráter que me fazem gostar tanto de você, embora a recíproca não seja de toda verdadeira. Ao menos não do mesmo modo, mas ao seu modo. E eis uma das poucas coisas que você não permitiu que eu soubesse.
Mas chegando onde eu queria, isso foi só pra dizer que eu gostaria muitíssimo de poder manter tudo o que te causa medo bem distante de você. E também faria qualquer coisa pra ajudar a concretizar todos os seus planos, até o menor e mais insignificante deles. Traria pra próximo de você tudo o que te fizesse feliz, a fim de evitar, ou pelo menos rarear, os momentos tristes.
Quis dizer tudo isso não porque espero algum tipo de diálogo sincero ou respostas às perguntar que eu não fiz. De modo algum!
É que eu tenho tantos pensamentos. E escrevê-los me ajuda a organizá-los. Quem sabe assim eu consiga compreendê-los, assim como compreendo você.




"É que vezenquando dá uma saudade na
gente dessas coisas. São todas coisas simples.
Meio bobas, muito bonitas. Mas tudo bem.
A gente sempre pode inventar. Inventar é uma
das melhores coisas que tem no mundo"



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Refém

7 maldades alheias

A ideia me veio tão rápida quanto o brilho da luz de um relâmpago no céu escuro. E me atingiu tão forte de um jeito que eu não sei se explico bem, mas foi como cair do prédio mais alto no asfalto mais rígido. E sem perceber me vi com um sorriso no rosto e não mais que uma réstia de melancolia no coração. De toda a minha dor restava não mais que um leve incomodo que eu facilmente afastaria com um espanar de mãos. Assim como se faz como as moscas no verão. Toda a minha tristeza foi embora sem mais nem menos, sem aviso prévio, sem nem um bilhete sobre o travesseiro. Por tanto tempo ela fora minha única companhia nas noites de insônia. Só ela secou minhas lágrimas, como mais ninguém faria. Era tudo o que eu conhecia. Tudo o que eu entendia. Agora ela se foi. E me abandonou aqui, com essa ilusão efêmera que alguns chamam por felicidade. Logo eu, que a recebi tão bem e de braços abertos. Eu me perdi por tanto tempo que esqueci como as coisas eram antes. Pode alguém se acomodar ao mais profundo desespero? É tão difícil ter que me reestruturar nessa nova realidade, que de tão profunda lembra um pingo d’água. Eu preferiria ver o mundo eterna e poeticamente em preto e branco. Queria voltar a me sentir tão frágil a ponto de perceber até a mais leve brisa como uma ameaça. Quero de volta a dor que me fez gritar poesias, tropeçar na arte, chorar saudade. A arte não pode nascer da felicidade. Não há nada lírico que se possa tirar daí. Como um parente que vem de longe, a tristeza voltou para o lugar de onde veio sem dar a data de sua volta. E cruelmente deixou marcas de sua presença em todos os cantos da casa. Levou consigo todo o silêncio angustiante, todas as horas intermináveis e deixou essa canção estranha que se repete no rádio. Vai ver até que essa vida é morte – uma moça canta – E a morte é a vida que se quer. Vai ver até...


“Quem da solidão fez seu bem
Vai terminar seu refém
E a vida pára também.”



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Sujo ou o Mal Lavado

4 maldades alheias
Há algumas semanas fui até o mercado e me deparei com uma prateleira cheia de Papais Noéis sorridentes e rebolantes. Na mesma semana, no shopping, vi uma loja vendendo guirlandas e árvores e mais alguns enfeites. Eu não sei vocês, mas acho que alguém está um pouco adiantado esse ano. Porque o natal sugere FINAL DE ANO, mas a primavera começou hoje! É setembro ainda! É o mês nove! NO-VE!
Então percebi que o natal e as eleições têm muito em comum nesse quesito. Ambos anunciam sua chegada com meses de antecedência! E por dois ou três segundos pensei em quem votaria...
Mas dois ou três segundos depois isso passou, porque, sejamos sinceros, que diferença faz?
"Ah mas no governo molusco o preço do feijão baixou 2 reais e o salário mínimo subiu!"
Minha nossa! Que coisa maravilhosa! Votarei em quem prometer baixar o preço da farinha, dessa vez!
Não que eu desaprove o atual governo. Mesmo que eu JAMAIS vá me tornar esquerdista, sou uma das pessoas que classifica o mandado do companheiro entre bom e ótimo. Mas o tempo dele acabou, certo? Vamos ter que votar de novo. E numa cambada de gente! E quem é que a gente escolhe no meio de taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaanta, mas taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaanta mer....? No Sujo ou no Mal Lavado? Se não se importam eu prefiro votar no Mal Lavado!

Num dia chuvoso em que minha TV a cabo (abençoado o homem que a inventou!) não funcionou direito, não tive escolha a não ser assistir os CINQUENTA TORTURANTES MINUTOS de propaganda política. E até que foi bom. Eu não costumo rir desse jeito nem assistindo The Big Bang Theory. É tanta palhaçada, tanta contradição!
E tem aquele cara do PV que promete dar carteira de motorista pra jovens de 16 anos. Oi, filho? Você é do PV e quer colocar mais emissores de CO2 nas ruas? É isso? Ou você quer matar mais adolescentes pra não ter que gastar com educação? Porque se eu tivesse tirado carteira aos 16 eu não estaria escrevendo isso!
E aquele outro candidato ao senado que promete ACABAR com o senado. Heeein? Se candidate a deputado então, né? Suicídio eleitoral, será que isso existe?
Mas a parte mais divertidas são so ZÉs. Quanto Zé se candidatanto, já perceberam? Zé da feira, Zé da combi, Zé da farmácia... Fora o "carismático" e cômico personagem colorido que esse ano resolveu entrar nesse mundo.
Seria engraçado se não fosse...DEPRIMENTE!
QUAAAAAAAL ÉEEEE A TUUUUUUUA BRAAAAASIIIIIL! Você não se leva a sério e quer que o Nafta e a União Européia te tratem como adulto? Transforma a escolha DOS GOVERNANTES num espetáculo e quer crescer 7,5% ao ano? E por que taaaaaaaaaaaaanta gente trabalhando no goverto? E por que tanta gente no governo não consegue resolver nem os problemas mais básicos?
Sabem que se um cara se elege governador alguma vez na vida, ele GANHA alguma coisinha depois pra sempre? Tipo uma aposentadoria por 4 ou 8 anos de trabalho, sabe? Aí depois o mesmo cara que não fez ABSOLUTAMENTE NADA em 8 anos se candidata a senador e adivinha? É eleito pra mais 8 anos sem fazer nada e ganhando por mês o que você não ganharia em DOZE meses!
Mas a culpa, é claro, é nossa. Que vivemos numa "democracia" que nos OBRIGA a votar, nos OBRIGA a ter o direito de escolher e não fazemos NADA! Ao contrário, continuamos colocando os mesmo caras lá. É quase como uma hierarquia militar. Ele começa como vereador, o povo o coloca como prefeito, depois governador, depois senador, depois presidente! Vamos tirar a mesma cambada de lá, gente! As cadeiras de Brasília já tem até o formato dos caras! Vamos votar em gente que ainda não conhece os truques de dinehiro na meia e coisa e tal.

A verdade é que ninguém dá a mínima pra política porque os políticos a tornaram tão CHATA com seus discursos intermináveis e cheio de palavras difíceis que metade da população não entende, que você se vê gritando "Pelo amoooooooooooor de deus! Juro que se você calar a boca A-GO-RA eu voto em você. Mas caaaale a boca, por favor!".

Votemos, porque TEMOS que votar. Mas não esperem grandes coisas desse ato. Não espere nada. E não venda seu voto.
(mas por 3 mil eu faço negócio!)








"Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido"


sábado, 18 de setembro de 2010

Meio-cheio uma ova!

3 maldades alheias

As pessoas me dizem para deixar de ser tão pessimista. Para esperar sempre pelo melhor e dizer a mim mesma que vai dar tudo certo. Já tentei e adivinha? Não funciona.

As coisas continuam dando errado. Isso porque o otimismo é só um jeito bonito de dizer que você é do tipo que ignora as coisas quando elas não dão certo. É como quando a gente é criança e leva uma bronca da mãe porque esqueceu o casaco na escola. Você pode até fechar a porta do quarto, tampar os ouvidos e cantarolar uma canção baixinho. Vai evitar os gritos histéricos mas ainda vai estar sem TV por uma semana. Quando as coisas insistem em NUNCA dar certo, não há nada fazer a não ser aceitar.

Esperar é só mais uma forma de tortura. Você consegue esperar um ônibus por 8 minutos, 15, meia hora, 3 horas, três dias. Se estiver no ponto, uma hora ele vai aparecer. Você tem certeza que ele virá. Mas esperar por algo que não é certeza, uma coisa improvável é quase suplicar para sofrer. A esperança vai cozinhar seu coração em fogo brando. No começo vai ser aquele calorzinho gostoso que alguns chamam de fé. Mas depois ele vai secar e se partir em pedaços desiguais, impossíveis de juntar.

Acho que para alguns escolhidos na terra os Senhores do Carma foram bem SACANAS, com todo respeito. Pra todo mundo a vida devia ser uma oportunidade de aprendizado, crescimento através da resolução dos problemas e essas coisas. Mas às vezes os problemas vêm seguidos um do outro e se acumulam e derramam. É aí que você sente que tudo desmorona, como se os sapadores de Paladino estivessem sob seus pés. E você se pergunta quando, QUANDO a nuvem negra cretina vai sair da sua cabeça.

Não adianta.

Algumas pessoas nasceram assim.

Azarados.

Eles planejam um dia inteiro logo na véspera. Tentam fazer as coisas darem certo, mas por causa de uma força sobrenatural muito metida a engraçadinha, TUDO sai exatamente ao contrário do que fora planejado. Não os culpem se eles sempre esperam o pior. É porque o pior tem aparecido com mais frequência.

Deve ter algum segredo pra fazer as coisas se encaixarem. Os otimistas devem ter descoberto e mantido só pra eles. Eu nunca entendi como alguém consegue, depois de um TOMBO DAQUELES, levantar e falar: “ah, não foi nada! Amanhã já vou me sentir melhor.”

Qual é! Sejam de verdade um pouco! Xinguem, mandem tudo pro inferno, sofram! As coisas não melhoram só porque você quer. Que mal pode ter algumas lágrimas, uns dias no escuro? Não se agarre a uma réstia de esperança. Só um oi, só uma mensagem, só um email, só uma garoa pode ser SÓ isso mesmo, e não um temporal, um dilúvio.

Meu copo é meio-vazio e ponto!

Por isso comece o dia esperando que ele seja o pior possível. Então, quando ele for normal, ele terá sido bom. Quando for bom, terá sido extraordinário. E se ele for exatamente como você esperava, pelo menos vai ter se preparado pra isso.




"Maybe I should forget the way you call me." - by Marcelo

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

60 dias

2 maldades alheias
As folhas de calendário pelo chão
me dizem que o tempo está passando
As horas correm com pressa
pra chegar em lugar nenhum
A poeira sobre meus livros
fica cada dia mais alta
E a programação na televisão
começou a se repetir
Mas eu estou parada
sem sentir o mundo girar
Porque todo dia
parece igual ao anterior
sentada, no silêncio
fugindo de lembranças
que me perseguem pela sala
Esperando
Existiu um ontem?
Existirão muitos amanhãs?
Eu não sei
Não quero pensar nisso
Não quero pensar
Na solidão de quatro paredes
esqueço o som das palavras
por falta de ter pra quem dizer
Tento não pensar
em quanto tempo eu preciso
pra conseguir me levantar
Eu vejo a luz mudar
por tras das cortinas fechadas
Eu vejo as pessoas por uma fresta
seguindo seus caminhos
cumprimentando estranhos na calçada
Eu vejo você
numa sombra na parede
sorrindo
E o som do relógio
nunca pareceu tão alto

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cinco Pessoas

4 maldades alheias
A próxima encarnação, o juízo final, o umbrático, o inferno, o purgatório, o céu, o submundo de Hades ou a simples inexistência de vida. Não importa em que você acredita, todo mundo quer esperar alguma coisa depois dessa vida. De preferência alguma coisa melhor que essa.
A gente lê e ouve falar de mil crenças diferentes, de pessoas que esperam encontrar mil coisas depois da morte. Mas a melhor, pra mim, está no livro "As cinco pessoas que você encontra no céu". Anjinhos tocando arpa em nuvenzinhas? Não, não. RESPOSTAS. É isso que todo mundo, no fundo, espera da vida após a morte. E é isso que Eddie encontra na história do livro.
Ele viu todas as pessoas que ele conhecia morrerem antes dele, até que um acidente de trabalho acaba levando ele também. Ao chegar no céu ele descobre que cinco pessoas o esperam para dar algumas explicações.
Pessoas que você conheceu, outras talvez não. Mas todas cruzaram o seu caminho antes de morrer. E o transformaram por completo.
Realmente seria ótimo se isso fosse verdade. Quer dizer, sabe aquelas coisas que acontecem e você se pergunta por que, por que por que? Seria ótimo ter a resposta pra elas.
As cinco pessoas de Eddie também dizem coisas pra ele que todo mundo sabe, mas que a ninguém pensa sobre isso. Como por exemplo que estamos todos ligados, você não pode ficar sozinho porque quer estar sozinho. O único tempo que desperdiçamos é aquele em que achamos que estamos sozinhos. Nada acontece por acaso, não existe isso. Não se pode separar uma vida da outra, assim como não se separa a brisa do vento.
Uma das melhores frases é Você chama de estranhos as pessoas que ainda vai conhecer. Acho que se de fato ouvessem cinco pessoas que você encontraria do céu, você não saberia quem elas são.
Mesmo assim eu fiz uma lista de cinco pessoas que cruzaram minha vida, que de algum modo mudaram alguma coisa em mim.

1ª pessoa - O garoto da pré-escola: Desculpe, não lembro o nome dele. Mas me lembro do rosto, do cabelo branco de tão loiro, os olhos muito azuis. Nós tínhamos 6 anos na época e todos os dias eu o esperava ou ele me esperava na frente do portão da escola. Talvez ele tenha sido uma espécie de "primeiro amor" ou sei lá. Ele guardava meu lugar na frente! Se isso não é amor eu não sei o que é. Então quando o portão abria nós apostávamos corrida até a sala. Eu esperava o caminho inteiro até a escola por essas duas curvas para a direita. É claro que ele sempre ganhava, mas ainda assim era emocionante.
2ª pessoa - Tia D.: Ela foi agregada da minha família por um tempo. Quando meu avô morreu eu fiquei na casa dela enquanto todo mundo resolvia as coisas. Ela tinha um armário cheio de livros e me emprestou alguns pra eu me distrair. No dia em que eu fui embora ela me deu um deles. Era "Aventura na Ilha do Meio", da série Vaga-lume. Era um domingo de manhã e ela me pediu pra que ligasse pra ela quando terminasse de ler. No domingo a noite eu telefonei.
3ª pessoa - K.: Eu tinha uns 11 anos e estava num acampamento da igreja, numa colônia W. Não me lembro direito dos detalhes, mas parece que alguns habitantes não estavam felizes com a gente lá e começaram a circular o lugar de carro, dando derrapadas e essas coisas. Aí mandaram todas as crianças pros alojamentos. O alojamento era algum tipo de internato desativado, tinha alguns móveis velhos, um piano antigo, uns quadros sinistros e dava MUITO medo. Então essa menina, a K., que era alguns anos mais velha que eu e minhas amigas deixou que experimentássemos suas sandálias salto 15. Quando as luzes apagaram no toque de recolher ela contou a história de Joana D'arc.
4ª pessoa - meu avô: Por algum motivo ele me odiava. Pelo menos é no que eu acreditava. Nós sempre brigávamos, nunca conversávamos nem mesmo nos encarávamos por muito tempo. Ele era palmeirense e eu corria pela casa com uma camisa do corinthians pelos joelhos. Ele sempre dava o troco dos cigarros pro filho do vizinho. Mas quando ele ficou doente, por algum motivo, ele quis me ver. Ele nem falava mais. Acho que eu o encontraria não para explicar minha vida, mas pra me dizer o que não pôde.
5ª pessoa: Só tinha um nome que eu pensava em por aqui. Mas aí eu pensei em todas as pessoas que eu ainda vou conhecer, todas as pessoas que eu esqueci e não deveria ter esquecido. E percebi que cinco pessoas é muito pouco. E algumas das explicações que você quer ou pode dar não precisam esperar até a próxima vida, ou até o juízo final, ou até o encontro com os senhores do carma. As vezes as respostas estão na nossa cara, mas a gente só vê o que quer.
Seria ótimo saber que um dia teremos as respostas, mas seria ainda melhor tê-las aqui mesmo, sabe, respirando, vivendo, essas coisas. Fora a pessoa que não dá pra encontrar, de algum jeito seria bom encontrar as outras quatro pessoas. Afinal eles não são estranhos.
É um bom dia pra pensar em Cinco Pessoas que você encontraria no céu. Ou Cinco Pessoas que você gostaria de reencontrar na terra, como preferir.




"Amor perdido ainda é amor. Ele assume uma outra forma, só isso. Você não pode vê-lo sorrir, não pode lhe trazer o jantar, não lhe faz cafuné nem rodopia com ele pelo salão. Mas quando esses prazeres enfraquecem, um outro toma o seu lugar. A lembrança. A lembrança se torna sua parceira. Você a alimenta. Você a segura, Você dança com ela. A vida tem de acabar. O amor, não."
-Cinco Pessoas Que Você Encontra no Céu


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Manhattan

3 maldades alheias
Decidi dar uma pausa no drama. Mas só porque tive a sorte de por duas horas parar de pensar no que eu venho lutando inutilmente pra esquecer.
Isso graças ao filme Manhattan. Uma produção de 1979 do G-Ê-N-I-O Woody Allen.
Eu nem tava no animo de assistir mais um filme. Era sábado, eu não tinha o que fazer, nem queria fazer nada e minhas chances de ver a luz do sol foram sabotadas. Já tinha visto dois filmes e chorado nos dois! E um deles era uma comédia! Mas como era em preto e branco eu acabei cedendo. Porque Deus sabe que eu não resisto a um filme preto e branco num sábado a noite. Ainda mais se não tem mais ninguém em casa e está tudo quieto e calmo...
O filme começa com uma passeio pelas ruas de Manhattan, enquanto a voz de woody allen narra as dúvidas de um escritor porcurando o começo perfeito para um livro. A trilha sonora também é fantástica. É o que te convence desde os primeiros minutos a não mudar de canal ou desligar.
A história é simples. Nada muito elaborado ou complexo. E é exatamente por se "banal" que todo mundo se identifica logo de cara com os dramas do personagem Isaac Davis, interpretado pelo próprio woody allen.
É um cara de 42 anos que viu sua esposa o trocando por outra. E agora ela pretende publicar detalhes do divórcio em um livro. Ele está saindo com uma menina de 17 anos e seu amigo mais próximo acaba de contar que está tendo um caso. E quando ele conhece a "outra" é que a história começa mesmo.
E eu nem me atrevo a contar o resto da história. Tudo é incrível. As imagens da cidade, a música, os diálogos. Faz qualquer um se sentir inteligente por pelo menos ter ouvido falar de algumas das mil referências a artistas, filósofos, escritores...
Os problemas dos personagens parecem tão simples, mas ao mesmo tempo tão insolúveis. Porque envolvem tudo na vida. Carreira, amor, amigos, família...
Porém não foram os diálogos cult que me impressionaram. Foi uma das cenas, talvez a mais simples, talvez até não tenha sido significada no roteiro.
É quando Isaac toma uma decisão e sai correndo do apartamento. Mas quando ele chega na rua não tem nenhum táxi. O que contradiz aquele clichê de filme nova iorquino de que "sempre tem um táxi quando a gente precisa". E no desespero de não chegar a tempo o personagem sai correndo. E depois há vários tapes dele correndo pra valer.
Nem foi difícil fazer analogias.
Porque não, não vai haver um táxi quando você precisar. Quer perder tempo com a mão estendida? Ok, perca! Espere as coisas acontecerem. Espera o mundo cutucar seu ombro e te acordar pra vida.
Mas não espere tempo demais.
Saia correndo. (hey, Marcelo!)
O tempo passa rápido demais e as coisas não acontecem sozinhas. Você tem que fazer acontecer.
O que me lembra o diálogo de um outro filme sobre o qual eu já falei.

" - Afinal, o que temos a perder?
- Tudo?
- Exatamente!"

A gente perde tanta coisa na vida e vive com medo de continuar perdendo. Por isso nunca faz nada. Se acomoda na segurança de uma rotina estável e sem graça. Espera tudo cair no colo. "Tenta fazer as coisas se encaixarem, mas perde toda diversão quando elas não encaixam"
Nem sei mais o que eu estou dizendo, mas é mais ou menos isso. Não espere acontecer. Vai atrás do que você quer.
Não, na verdade eu sei o que eu quero dizer.
DROGA! Sinto sua falta! Queria voltar a falar com você uma ou quinze vezes, não importa! Dá um sinal de vida, por favor!
E aqui acaba a pausa no drama.
É isso aí, não tem táxi nenhum na rua hoje.
Sorte a minha estar com tênis confortáveis.






"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te." - WS




quinta-feira, 26 de agosto de 2010

...poesia (II): Sonnenschein

6 maldades alheias
Foi então que eu percebi
de um susto
que não importa o que eu escreva
Não importa as palavras que eu use
Nem a harmoniados dos versos

Não há soneto no mundo
que dê forma ao vazio
Que signifique a dor
Que expresse a perda
Pois não há mãos que possam tocá-la
Ou olhos que possam vê-la
É preciso apenas
SENTÍ-LA

domingo, 22 de agosto de 2010

cartas perdidas (I)

6 maldades alheias
"Então vai ser assim? O único jeito de dizer alguma coisa que talvez chegue até você? É escrever o que eu sentir que devo dizer e torcer pra você ler?
Tudo bem, não importa. Porque pelo menos HÁ um jeito.
Eu não sei como você está agora. Melhor, eu espero. Se pensar bem, no fundo está bem melhor agora. Não sei o que anda fazendo ou como vai sua rotina que antes eu sabia decor. Eu queria saber. Ter certeza que você está bem. Mas ouvir você me dizendo isso.
Sei que não se interessa, nem se importa, mas vou te dizer como eu estou.
Eu estou perdida.
Sabe aqueles sonhos em que parece que você está caindo? Mas sem a parte que a gente acorda.
É assim que eu me sinto. Caindo.
Meu primeiro pensamento do dia e o último antes de dormir é o de que eu deveria fazer ou dizer alguma coisa. É uma sensação incômoda e constante, mas não sei exatamente o que eu poderia fazer. Achei que me acostumaria com isso, mas parece que quanto mais o tempo passa, mais forte ela fica. Onde está aquela história de "o tempo cura tudo"? Estou começando a achar que isso não existe.
Não sei se eu deveria dizer. Com certeza sei que não deveria sentir. Eu até preferiria esconder. Mas a verdade é que eu sinto muito sua falta. Nem sei porque, não entendo mais nada. Desisti até de tentar.
Só não desisti de tentar esquecer. Porque sinceramente eu nem tentei. Sei que é impossível. E acho que no fundo eu não quero esquecer. Faz sentido pra você? Não pra mim.
Como era aquela música? 'eu tenho mais perguntas que respostas'.
Você sente que a vida continua?
Você deixou tudo pra trás e seguiu em frente?
Enterrou as lembranças e encontrou as velhas e novas razões pra sorrir?
Conseguiu erguer-se e continuar andando?
Porque se fez essas coisas, vou ter que pedir pra me ensinar como.
Ainda estou sentada no mesmo lugar.



p.s: tudo bem se eu não me despedir? Não posso suportar mais um adeus. "

domingo, 15 de agosto de 2010

Nem sei fazer poesia (I)

6 maldades alheias
Postando uma poesia pela primeira vez ;O
Ando meio morta pelos cantos, sem vontade de fazer nada, então resolvi abrir minha pasta secreta de poesias.
Umas tão velhas que parece que foram escritas em outra vida!
Enjoy!


Por que eu não posso
deitar e esquecer tudo
e fingir que vai ficar tudo bem?
Por que não me deixa
afundar nas lágrimas
ate eu ficar insconsciente?
Eu já te pedi tantas vezes
pra não abrir as janelas
Os raios de sol me assombram
Mas você entra
afasta as cortinas
e não fecha a porta quando sai
E eu simplesmente quero acordar
mas como?
Se eu já estou acordada?
Tudo é real
A dor
A ausência
O vazio
A escuridão que nasceu
do som de passos
indo embora
Pro meu desespero
talvez estejam indo embora
pra não voltar mais
E é mais fácil aceitar
de olhos fechados
 
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