Como venho tentando ultimamente fazer esse blog ter alguma utilidade pública, vou dizer a vocês o que os aguarda se, por acaso, precisarem ir a um pronto-socorro.
Li em algum lugar que pra aumentar as visitas no blog tem que usar no texto palavras muito procuradas no google. Então lá vai: GRIPE SUÍNA.
Como todo mundo sabe (pelo menos quem leu Crepúsculo sabe) em 1918 a Gripe Espanhola matou 2 milhões de pessoas. Nome do vírus: H1N1, nosso conhecido. Mas não estou aqui pra falar sobre o que todo mundo já sabe, vou falar de um lado que a mídia nao mostra, a espera nos pronto-atendimentos. E olha que não estou falando se SUS nem nada, é de clinica particular. (Omitindo nomes)
As coisas mudaram muito depois dessa epidemia. O alcool gel não para nas prateleiras, as escolas pararam, os mais neuróticos andam de máscara pra todo lugar. É claro que nas emergências médicas não podia ser diferente.
Já fazia uns 5 dias que eu apresentava dores de cabeça, dores de garganta, febre e meus olhos pareciam pesar uns 2 kg cada. Por isso no sábado meu pai resolveu me arrastar pro hospital. Hora de saída: 9:10 da manhã.
Primeira alteração: Logo na entrada, do lado esquerdo, noto uma caixa cheia de máscaras. Em cima uma placa com o seguinte dizer: "Se você apresenta sintomas de gripe por favor coloque a máscara". Vale lembrar que o por favor é mero enfeite, o uso da máscara é OBRIGATÓRIO. Não importa o quanto dói ficar com ela em cima da orelha, não importa que fique entrando no olho quando você fala nem que não dê pra entender uma só palavra ao preencher a ficha de entrada.
Segunda alteração: As cadeiras na espera estão cheias, mas não há cadeiras sobressalentes.
Sentamos e esperamos...e esperamos...e esperamos...A mulher da recepção disse que demoraria uma hora e meia pra chegar minha vez. Do meu lado senta uma mulher com fones de ouvido, mas ninguém a avisou que o alto-falante tava ligado. Então as trinta pessoas ali sentadas ficaram ouvindo sertanejo a manhã toda.
Terceira alteração: as mulheres da limpeza estão trabalhando dobrado. O cheiro de desinfetante predomina. Meu pai joga uma animada partida de tetris no celular pra perceber. Tento jogar Snake, mas meus olhos estão ardendo.
Lá pelas 10:20 da manhã a mulher sentada na cadeira atras de mim liga pra filha. A conversa se passa mais ou menos assim:
- Sim filha, eu ainda estou aqui esperando. Não ainda não fui atendida. É uma pouca vergonha isso. Estou sentada aqui já faz mais de 20 minutos!
Quarta (não) alteração: A emergência está cheia, mas não há médicos a mais. Na proxima meia hora um número espantoso de pessoas são atendidas - duas. Na outra ala de cadeiras de espera, a que fica perto da maquina de café, uma mulher acabara de desmaiar.
Enquanto isso, a mulher atras de mim faz nova ligação. De novo pra filha, coitada. Imagino o ódio que esse menina deve ter ficado se por acaso estivesse tentando dormir.
- Filha de Deus! Já são 11:15 e eu esperando ainda! Veja aí na internet se tem um tempo limite de espera. Porque assim não dá. Meia hora eles atendem duas pessoas! E só uma médica ainda. Tem um japones que não para no consultório. Todo mundo aqui morrendo e ele passeando!
No exato momento que ela falou morrendo os três na minha frente estavam rindo. Era uma mãe e dois filhos. Até agora não sei quem estava doente, porque eles pareciam achar tudo tão divertido quanto eu. Eles conversavam sobre filmes, especificamente Harry Potter. A menina apontava as cenas que achou nada-a-ver e a mãe ( que parecia saber mais da serie do que ela) dava a opinião. "mas que nada-aver aqueles passarinhos né mãe? Tem no livro? Eles atacam o Rony mesmo?" e "Que nada-a-ver aquele beijo né mãe?" ou "Mas A Toca pega fogo no livro? que nada-a-ver né, porque onde os Weasley vão morar?".
Às 12:10 um médico novo chega. Entra em um dos consultórios, acende as luzes e chama o primeiro nome: o meu.
Não é bizarro como os médicos apertam sua cara com os polegares e perguntam se dói? Claro que dói! Dexa eu fazer em você pra ver como dói!
Depois disso ele me encaminha para o raio-x. O que significa que eu ainda vou demorar pra ir pra casa. Mudo da espera da emergência pra espera do raio-x. O mulherzinha grita LUDMIIILA. Levanta eu e uma menininha. A recepcionista olha, pisca algumas vezes e acrescenta: SOUZA. Na trave.
Com o raio-x em mãos volto ao primeiro medico. Pra desespero da galera da espera passo na frente. haha. A mulher das ligações ainda está esperando.
Diagnosticada com Sinusite posso, enfim, voltar para casa. Na mão uma receita com 2 remédios.
Jogo a máscara no lixo, lavo as mãos com alcool gel e saio. Quando entro no carro olho o relógio automaticamente. 13:40.
Fazendo uma retrospectiva de tudo, o pior não foi nem a loooooooonga espera.
Quando fui tirar raio-x o cara mandou eu soltar o cabelo, que estava preso com piranha. Foi horrivel. Fazia dois dias que eu não lavava porque tava de cama e tal. Mas se notou não comentou nada.