segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Manhattan

3 maldades alheias
Decidi dar uma pausa no drama. Mas só porque tive a sorte de por duas horas parar de pensar no que eu venho lutando inutilmente pra esquecer.
Isso graças ao filme Manhattan. Uma produção de 1979 do G-Ê-N-I-O Woody Allen.
Eu nem tava no animo de assistir mais um filme. Era sábado, eu não tinha o que fazer, nem queria fazer nada e minhas chances de ver a luz do sol foram sabotadas. Já tinha visto dois filmes e chorado nos dois! E um deles era uma comédia! Mas como era em preto e branco eu acabei cedendo. Porque Deus sabe que eu não resisto a um filme preto e branco num sábado a noite. Ainda mais se não tem mais ninguém em casa e está tudo quieto e calmo...
O filme começa com uma passeio pelas ruas de Manhattan, enquanto a voz de woody allen narra as dúvidas de um escritor porcurando o começo perfeito para um livro. A trilha sonora também é fantástica. É o que te convence desde os primeiros minutos a não mudar de canal ou desligar.
A história é simples. Nada muito elaborado ou complexo. E é exatamente por se "banal" que todo mundo se identifica logo de cara com os dramas do personagem Isaac Davis, interpretado pelo próprio woody allen.
É um cara de 42 anos que viu sua esposa o trocando por outra. E agora ela pretende publicar detalhes do divórcio em um livro. Ele está saindo com uma menina de 17 anos e seu amigo mais próximo acaba de contar que está tendo um caso. E quando ele conhece a "outra" é que a história começa mesmo.
E eu nem me atrevo a contar o resto da história. Tudo é incrível. As imagens da cidade, a música, os diálogos. Faz qualquer um se sentir inteligente por pelo menos ter ouvido falar de algumas das mil referências a artistas, filósofos, escritores...
Os problemas dos personagens parecem tão simples, mas ao mesmo tempo tão insolúveis. Porque envolvem tudo na vida. Carreira, amor, amigos, família...
Porém não foram os diálogos cult que me impressionaram. Foi uma das cenas, talvez a mais simples, talvez até não tenha sido significada no roteiro.
É quando Isaac toma uma decisão e sai correndo do apartamento. Mas quando ele chega na rua não tem nenhum táxi. O que contradiz aquele clichê de filme nova iorquino de que "sempre tem um táxi quando a gente precisa". E no desespero de não chegar a tempo o personagem sai correndo. E depois há vários tapes dele correndo pra valer.
Nem foi difícil fazer analogias.
Porque não, não vai haver um táxi quando você precisar. Quer perder tempo com a mão estendida? Ok, perca! Espere as coisas acontecerem. Espera o mundo cutucar seu ombro e te acordar pra vida.
Mas não espere tempo demais.
Saia correndo. (hey, Marcelo!)
O tempo passa rápido demais e as coisas não acontecem sozinhas. Você tem que fazer acontecer.
O que me lembra o diálogo de um outro filme sobre o qual eu já falei.

" - Afinal, o que temos a perder?
- Tudo?
- Exatamente!"

A gente perde tanta coisa na vida e vive com medo de continuar perdendo. Por isso nunca faz nada. Se acomoda na segurança de uma rotina estável e sem graça. Espera tudo cair no colo. "Tenta fazer as coisas se encaixarem, mas perde toda diversão quando elas não encaixam"
Nem sei mais o que eu estou dizendo, mas é mais ou menos isso. Não espere acontecer. Vai atrás do que você quer.
Não, na verdade eu sei o que eu quero dizer.
DROGA! Sinto sua falta! Queria voltar a falar com você uma ou quinze vezes, não importa! Dá um sinal de vida, por favor!
E aqui acaba a pausa no drama.
É isso aí, não tem táxi nenhum na rua hoje.
Sorte a minha estar com tênis confortáveis.






"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te." - WS




quinta-feira, 26 de agosto de 2010

...poesia (II): Sonnenschein

6 maldades alheias
Foi então que eu percebi
de um susto
que não importa o que eu escreva
Não importa as palavras que eu use
Nem a harmoniados dos versos

Não há soneto no mundo
que dê forma ao vazio
Que signifique a dor
Que expresse a perda
Pois não há mãos que possam tocá-la
Ou olhos que possam vê-la
É preciso apenas
SENTÍ-LA

domingo, 22 de agosto de 2010

cartas perdidas (I)

6 maldades alheias
"Então vai ser assim? O único jeito de dizer alguma coisa que talvez chegue até você? É escrever o que eu sentir que devo dizer e torcer pra você ler?
Tudo bem, não importa. Porque pelo menos HÁ um jeito.
Eu não sei como você está agora. Melhor, eu espero. Se pensar bem, no fundo está bem melhor agora. Não sei o que anda fazendo ou como vai sua rotina que antes eu sabia decor. Eu queria saber. Ter certeza que você está bem. Mas ouvir você me dizendo isso.
Sei que não se interessa, nem se importa, mas vou te dizer como eu estou.
Eu estou perdida.
Sabe aqueles sonhos em que parece que você está caindo? Mas sem a parte que a gente acorda.
É assim que eu me sinto. Caindo.
Meu primeiro pensamento do dia e o último antes de dormir é o de que eu deveria fazer ou dizer alguma coisa. É uma sensação incômoda e constante, mas não sei exatamente o que eu poderia fazer. Achei que me acostumaria com isso, mas parece que quanto mais o tempo passa, mais forte ela fica. Onde está aquela história de "o tempo cura tudo"? Estou começando a achar que isso não existe.
Não sei se eu deveria dizer. Com certeza sei que não deveria sentir. Eu até preferiria esconder. Mas a verdade é que eu sinto muito sua falta. Nem sei porque, não entendo mais nada. Desisti até de tentar.
Só não desisti de tentar esquecer. Porque sinceramente eu nem tentei. Sei que é impossível. E acho que no fundo eu não quero esquecer. Faz sentido pra você? Não pra mim.
Como era aquela música? 'eu tenho mais perguntas que respostas'.
Você sente que a vida continua?
Você deixou tudo pra trás e seguiu em frente?
Enterrou as lembranças e encontrou as velhas e novas razões pra sorrir?
Conseguiu erguer-se e continuar andando?
Porque se fez essas coisas, vou ter que pedir pra me ensinar como.
Ainda estou sentada no mesmo lugar.



p.s: tudo bem se eu não me despedir? Não posso suportar mais um adeus. "

domingo, 15 de agosto de 2010

Nem sei fazer poesia (I)

6 maldades alheias
Postando uma poesia pela primeira vez ;O
Ando meio morta pelos cantos, sem vontade de fazer nada, então resolvi abrir minha pasta secreta de poesias.
Umas tão velhas que parece que foram escritas em outra vida!
Enjoy!


Por que eu não posso
deitar e esquecer tudo
e fingir que vai ficar tudo bem?
Por que não me deixa
afundar nas lágrimas
ate eu ficar insconsciente?
Eu já te pedi tantas vezes
pra não abrir as janelas
Os raios de sol me assombram
Mas você entra
afasta as cortinas
e não fecha a porta quando sai
E eu simplesmente quero acordar
mas como?
Se eu já estou acordada?
Tudo é real
A dor
A ausência
O vazio
A escuridão que nasceu
do som de passos
indo embora
Pro meu desespero
talvez estejam indo embora
pra não voltar mais
E é mais fácil aceitar
de olhos fechados

terça-feira, 3 de agosto de 2010

25 Coisas Que Eu Aprendi Com o Transporte Público

4 maldades alheias

O transporte público sempre me rendeu umas boas histórias. Se não boas, pelo menos um modo de puxar conversa. A velha história do “que demora desse ônibus” ou “vai pro Canal da Música também?”.

Você pode não perceber, mas o tempo que passa em deslocamento é muito significativo. Os curitibanos, por exemplo, ficam em média duas horas por dia dentro dos ônibus. A título de curiosidade, isso significa mais ou menos 10 horas por semana, 44 por mês, 528 por ano. Se esse mesmo tempo fosse usado para ver filmes, dava pra assistir tranquilo uns 260 títulos por ano.

É tempo demais.

Tanto é que me deu tempo suficiente para pensar em 25 COISAS QUE EU APRENDI COM O TRANSPORTE PÚBLICO.

Espero que seja útil pra você, que assim como eu, é mais um(a) usuário(a) sofredor(a).


1- Uma nota de vinte reais no chão não é nada comparada a um banco vazio;

2- Velinhas que tendem a demorar três meses pra atravessar uma rua podem subir num ônibus numa fração de segundos;

3- Não importa quão cheio um ônibus esteja, SEMPRE vai ter alguém tentando subir. E ao mesmo tempo;

4- Nunca subestime as medidas do veículo, SEMPRE cabe mais um;

5- Fingir que está dormindo/lendo/ouvindo músicas perdido em pensamentos é uma boa forma de evitar que alguém peça o seu lugar. E na situação inversa;

6- Ter preferência nos lugares reservados não é garantia de uma viagem sentado;

7- Um completo estranho ao seu lado tem grandes chances de puxar conversa;

8- As chances do completo estranho ao seu lado puxar conversa dobram caso o ônibus venha a bater/frear bruscamente/ estiver lotado demais;

9- Mesmo num ônibus absurdamente cheio, um vômito estratégico pode abrir um vácuo do tamanho do Maracanã;

10- Pessoas que cruzam os braços nos pontos de ônibus têm mais chances de te espancarem na guerra que é embarcar em um ônibus. E não esqueça;

11- TODOS no ponto querem um lugar pra sentar, não importa o que dizem. Não confie em ninguém;

12- O mesmo número de pessoas embarcando num ônibus irá demorar o dobro do tempo para desembarcar;

13- A multidão esperando o ônibus tende a se compactar quando este virar a esquina;

14- Só porque o homem atrás do volante é o motorista daquela linha não quer dizer que ele saiba exatamente onde fica o ponto onde você quer desembarcar;

15- Não importa quanto custe uma passagem, um grupo SEMPRE vai achar que podia custar menos;

16- NENHUM ônibus tem um cheiro agradável, nem mesmo de manhã;

17- É possível fazer inimigos num ônibus com apenas quatro palavras: NÃO-TENHO-ONDE-SEGURAR;

18- Se você tem o hábito de ler no ônibus, durante sua vida terá tempo de ler a saga Harry Potter completa umas 190 vezes. Isso se só ler no ônibus;

19- Qualquer pessoa, não importa o quão lindo, sexy, elegante esta seja perde a compostura se estiver sentado nos bancos do fundo ao passar por uma rua esburacada;

20- Um surto de gripe vulgarmente chamada pelo nome de um mamífero pode fazer as pessoas começarem a andar com as janelas ESCANCARADAS às 6 da manhã no inverno;

21- Tente nunca ser o último a descer do ônibus. Você pode ser engolido pela multidão desesperada querendo subir;

22- A emoção de apertar a campainha para solicitar o desembarque acaba por volta dos nove anos, mais ou menos quando você tiver tamanho suficiente para alcançá-la;

23- O ambiente é muito propício para a proliferação de mãos-bobas e alguns furtos;

24- Durante sua vida, o que você gastar em passagens será o suficiente pra comprar o novo Audi A4. E o mais importante;

25- SEMPRE lave as mãos após utilizar o sistema de transporte público. Há bactérias que ainda nem foram descobertas habitando os espaços disponíveis pra você se segurar.


Então, esqueci alguma coisa?




"Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais profunda do que a tua."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

 
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