Isso graças ao filme Manhattan. Uma produção de 1979 do G-Ê-N-I-O Woody Allen.
Eu nem tava no animo de assistir mais um filme. Era sábado, eu não tinha o que fazer, nem queria fazer nada e minhas chances de ver a luz do sol foram sabotadas. Já tinha visto dois filmes e chorado nos dois! E um deles era uma comédia! Mas como era em preto e branco eu acabei cedendo. Porque Deus sabe que eu não resisto a um filme preto e branco num sábado a noite. Ainda mais se não tem mais ninguém em casa e está tudo quieto e calmo...
O filme começa com uma passeio pelas ruas de Manhattan, enquanto a voz de woody allen narra as dúvidas de um escritor porcurando o começo perfeito para um livro. A trilha sonora também é fantástica. É o que te convence desde os primeiros minutos a não mudar de canal ou desligar.
A história é simples. Nada muito elaborado ou complexo. E é exatamente por se "banal" que todo mundo se identifica logo de cara com os dramas do personagem Isaac Davis, interpretado pelo próprio woody allen.
É um cara de 42 anos que viu sua esposa o trocando por outra. E agora ela pretende publicar detalhes do divórcio em um livro. Ele está saindo com uma menina de 17 anos e seu amigo mais próximo acaba de contar que está tendo um caso. E quando ele conhece a "outra" é que a história começa mesmo.
E eu nem me atrevo a contar o resto da história. Tudo é incrível. As imagens da cidade, a música, os diálogos. Faz qualquer um se sentir inteligente por pelo menos ter ouvido falar de algumas das mil referências a artistas, filósofos, escritores...
Os problemas dos personagens parecem tão simples, mas ao mesmo tempo tão insolúveis. Porque envolvem tudo na vida. Carreira, amor, amigos, família...
Porém não foram os diálogos cult que me impressionaram. Foi uma das cenas, talvez a mais simples, talvez até não tenha sido significada no roteiro.
É quando Isaac toma uma decisão e sai correndo do apartamento. Mas quando ele chega na rua não tem nenhum táxi. O que contradiz aquele clichê de filme nova iorquino de que "sempre tem um táxi quando a gente precisa". E no desespero de não chegar a tempo o personagem sai correndo. E depois há vários tapes dele correndo pra valer.
Nem foi difícil fazer analogias.
Porque não, não vai haver um táxi quando você precisar. Quer perder tempo com a mão estendida? Ok, perca! Espere as coisas acontecerem. Espera o mundo cutucar seu ombro e te acordar pra vida.
Mas não espere tempo demais.
Saia correndo. (hey, Marcelo!)
O tempo passa rápido demais e as coisas não acontecem sozinhas. Você tem que fazer acontecer.
O que me lembra o diálogo de um outro filme sobre o qual eu já falei.
" - Afinal, o que temos a perder?
- Tudo?
- Exatamente!"
A gente perde tanta coisa na vida e vive com medo de continuar perdendo. Por isso nunca faz nada. Se acomoda na segurança de uma rotina estável e sem graça. Espera tudo cair no colo. "Tenta fazer as coisas se encaixarem, mas perde toda diversão quando elas não encaixam"
Nem sei mais o que eu estou dizendo, mas é mais ou menos isso. Não espere acontecer. Vai atrás do que você quer.
Não, na verdade eu sei o que eu quero dizer.
DROGA! Sinto sua falta! Queria voltar a falar com você uma ou quinze vezes, não importa! Dá um sinal de vida, por favor!
E aqui acaba a pausa no drama.
É isso aí, não tem táxi nenhum na rua hoje.
Sorte a minha estar com tênis confortáveis.
"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te." - WS